População uniu-se a favor do regresso da Linha do Corgo

04/04/2011 00:00

Cerca de 300 pessoas eram esperados mas apenas 100, aproximadamente, estiveram presentes. O cordão humano em volta da Linha Ferroviária do Corgo, que comemora 105 anos, foi, apesar da baixa afluência, uma “iniciativa ganha”, de acordo com a organização.

“Queremos o regresso do comboio à Linha do Corgo”, foi este o apelo feito por Daniel Conde, do Movimento Cívico da Linha do Corgo (MCLC), na página desta evento no “Facebook”. A acção de protesto contra o atraso na reabertura do troço Régua - Vila Real e a favor da reabertura do troço Vila Real - Chaves, serviu de aviso ao actual e próximo governo. “O comboio tem um papel social vital para a região. O desenvolvimento desta região pode depender das vias-férreas. Se o próximo primeiro-ministro for Pedro Passos Coelho, actual presidente da Assembleia da Câmara Municipal de Vila Real, fica já o recado para que não se esqueça dos seus conterrâneos”, alertou.

“Estas obras já deviam ter avançado, os transmontanos não são cidadão de segunda. Não se justifica, numa intervenção de três milhões de euros, um atraso de dois anos na reabertura da linha, quando há obras da REFER, de apenas três quilómetros, a custar 70 milhões de euros, sem qualquer atraso”, explicou Daniel Conde. O movimento, fundando em Dezembro do ano passado, não pretende ficar por aqui. Estão em agenda novas manifestações públicas. O objectivo passar por dar a conhecer o potencial da via-férrea e sensibilizar a população para importância da recuperação deste meio de locomoção.

Zulmira de Carvalho, natural da freguesia de Ermida, foi uma das que se uniu a esta causa. Durante 40 anos foi guarda de passagem de nível, nas estações do Tanha e Abambres Gare, e defende que a locomotiva “faz muita falta à região”. “Queremos cá as automotoras. Foi um pouco de nós que nós tiraram. Agora temos os autocarros mas a nossa estrada não foi feita para veículos pesados. Acredito, plenamente, que o comboio regresse à nossa terra, de onde nunca deveria ter saído”, exclamou. O MCLC, na sua página oficial na Internet, condenou ainda a consignação de mais 17 Km de ecopista, no canal da Linha do Corgo, no município de Vila Pouca de Aguiar.

“É incompreensível como a moda irreflectida das ecopistas em leitos ferroviários grassou pelo país, quando se repetem as provas de que este equipamento para além de caro, tem um retorno económico-social diminuto ou mesmo nulo. A sua atractividade turística é no mínimo duvidosa, para além de que as suas zonas de implantação são mal servidas de acessos e de oferta de mobilidade à população, tendo como resultado que os cicloturistas deixam pouco rendimento na região, e que à população local muitos outros equipamentos que fazem bem mais falta”, segundo um comunicado na página.

A Linha Ferroviária do Corgo, que liga Peso da Régua a Vila Real, encerrou em Março de 2009, por questões de segurança, para não mais abrir. A visita a Vila Real da então Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, em Julho de 2009, para dar início às obras de “levantamento da via e reperfilamento da plataforma” - a primeira fase de remodelação da linha do Corgo - fazia prever que este assunto estaria, por fim, resolvido. Contudo, no final da intervenção inicial, orçada em 4,4 milhões de euros, as obras nesta via-férrea centenária cessaram, fincando por cumprir o prazo de conclusão da reparação dos 26 quilómetros da linha, agendado para o final de 2010.

A linha ferroviária do Douro é, de resto, a única activa na região, após o recente encerramento das linhas do Corgo em 2009, e da linha do Tua em 2008, na sequência de vários acidentes registados nesse ano.

Filipe Ribeiro in noticías de Vila Real