Samardã é uma pequena localidade pertencente à freguesia de Vilarinho de Samardã. Aqui residiu Camilo Castelo Branco entre 1839 a 1841 na casa de sua irmã Carolina Rita Botelho Castelo Branco e segundo dizem foi o período mais feliz da sua vida.
Conta-se que a aldeia de Vilarinho da Samardã teve origem no lugar dos Vilares. Este fica um pouco distante daqui, talvez dois quilómetros e é situado num local frio e desabrigado. Por esse motivo, as famílias resolveram vir construir as suas habitações num local mais abrigado, e mais baixo deste local onde se encontra a pequena aldeia de Vilarinho da Samardã.
Diz-se ainda, que teria havido no local antigo um castelo de pedra e essa pedra foi utilizada para a construção das primeiras habitações da aldeia.
Uma aldeia onde a cultura nomeadamente do milho e centeio era a actividade agrícola mais forte além da criação de vacas, porcos, ovelhas e cabras. Mas já vão longe estes tempos, e já vão longe tambem os tempos em que numa modesta casa, não havia família que não tivesse o seu fumeiro pendurado na lareira da cozinha. E longe tambem vão os tempos em que nestas terras de Vilarinho, as pessoas se juntavam à lareira para comerem e rezarem e nas noites de inverno aproveitando a fraca luz da candeia a azeite contavam histórias de encantar às crianças antes de deitar. Um tempo distante é certo, mas que nos leva a sonhar ou até mesmo a recordar os nosso tempos de infância. Os tempos em que havia moinhos d’água para fazer o pão de milho e centeio nos fornos da aldeia com aquele ritual conhecido por todos:
- "S. Vicente da crescente, Nª. Senhora da azinheira te faça linda como a folhinha da oliveira", e antes de lhe pôr a porta para cozer, com a pá fazia-se uma cruz na porta e dizia-se: "Cresça o pão no forno e a benção de Deus no mundo todo" De madrugada toda a aldeia era invadida por aquele cheiro apetitoso de pão acabadinho de fazer.
Muitas das histórias que se contavam na nossa infãncia incidiam sobre lobos. É realmente nesta linda freguesia que se situa na sua vasta paisagem o “Fojo do Lobo”. Uma terra que vivia essencialmente da pastoricia, o lobo era visto sempre como uma ameaça e a estranha relação do homem com o lobo explica a existência deste lugar e forma cruel como o lobo era recebido nas populações de outrora. Infelizmente esta relação do homem com o lobo pôs em risco a existência da raça e hoje luta-se para que esta não se extinga por completo sendo já uma espécie protegida por lei.
Cantiga dedicada à aldeia da Samardã e a Vila Real
Povo da Samardã é uma pequena aldeia,
Chegadinha cá à serra, mas p’ra nós não se torna feia. ----- bis
O povo da Samardã e ó povo do Covêlo
São as duas povoações, onde encerra o nosso concelho.
E o povo da Samardã, da Freguesia um canto,
Foi aqui onde estudou o Camilo Castelo Branco.
Camilo Castelo Branco não existe, já morreu,
E o nome dele está gravado nas paredes do liceu. ----- bis
Nas paredes do liceu da nossa Vila Real,
Vila Real é p’ra nós maravilhas sem igual.
Ó Vila Real, ó Bila, tu p’ra nós és tão amada,
És tu, ó linda cidade, que por o Marão és beijada. ----- bis
Por o Marão és beijada, p’ra ele te estás a sorrir,
És tu, ó linda cidade, cantada pelo Cabril. ----- bis
Tu tens ó água do Corgo, um jardim na estação,
Tens ao cima da cidade e o homem Diogo Cão, ----- bis
Homem de sabedoria, esse homem que foi marujo,
E tens outro n’avenida, que é o Carvalho Araújo. ----- bis
E o Carvalho Araújo de força foi campeão,
Birou p’ró fundo do mar e o nabio Alemão. ----- bis
Homens de Vila Real prenderam suas espadas,
Não podemos esquecê-los: Pelotas e Alves Roçadas. ----- bis
E por altura das desfolhadas assim se cantava nestas terras de Vilarinho:
Ai as esfolhadas, ai as esfolhadas,
Onde as raparigas vão todas labadas
E saem de casa, preparam-se bem,
Porque os seus amores lá irão também.
E as esfolhadas d’aldeia
São cheias de luz e de cor
E até à luz da candeia
Procuram os seus amores.
Ai as esfolhadas, ai as esfolhadas,
Onde as raparigas vão todas labadas
E saem de casa, preparam-se bem,
Porque os seus amores lá irão também.
Vamos todos às esfolhadas,
Vamos com muita alegria,
É p’ra procurar o rei
E abraçar as Marias.
Ai as esfolhadas, ai as esfolhadas,
Onde as raparigas vão todas labadas
E saem de casa, preparam-se bem,
Porque os seus amores lá irão também.
Este comboio chegou à estação de Samardã em 1907. Em paralelo existia outra alternativa, a diligência. Este transporte só para se ter uma ideia, demorava da Régua a Vidago cerca de 12 horas de viagem. O comboio veio tornar assim as viagens muito mais rápidas e acima de tudo mais cómodas.