Alvações do Corgo é uma freguesia portuguesa do concelho de Santa Marta de Penaguião, com 4,22 km² de área.

Alvações do Corgo encontra-se situada a cerca de 3 quilómetros (1,86 milhas) da sede do concelho de Santa Marta de Penaguião, no distrito de Vila Real, e tem por orago Santo António, celebrado anualmente pela população, e meados de Junho. O topónimo principal não é de fácil explicação pois que não deriva de “alba”, podendo no entanto derivar de “alvea”, designando “cavidade”, o que de certa forma vai de encontro à orografia local; no entanto, alguns estudiosos defendem a tese de que se tratavam de duas povoações distinta, com a mesma designação, “Alvação” podendo corresponder às actuais “Alvações do Corgo” e “Alvações do Tanha”, que pela sua proximidade se designava como uma só, “Alvações”, e posteriormente assumiram a sua individualidade, sendo distinguidos pelas linhas de água que lhes ficam próximas. 

 Segundo a lenda fala-se  que uns viajantes, que atravessavam pela freguesia, viram numa janela duas esbeltas donzelas que, na brancura mimosa da pele, tinham tal encanto, que os levaram a exclamar. “Alva sois!” Provavelmente engrandeceram com outras palavras aquelas donzelas; e dai o nome da freguesia.

 Segundo a lenda fala-se também que nascera a denominação desta aldeia de uma circunstância, que ocorre, quando o rio Corgo, soberbo de águas pluviais, se precipita, ruidoso e murmurador, sobre as fragas do seu leito. Sucedendo-se que, frente da freguesia, os seus alvoroços são mais ásperos, e os seus ruídos mais fortes e sonoros. Dai também dizerem, que o nome da freguesia foi, na sua origem – “Alvoroções do Corgo” – como referencia aqueles factos acidentais. Seja como for, é certo que hoje a vistosa e alegre freguesia, se denomina Alvações do Corgo.

Apesar de serem raras as notícias históricas anteriores à Nacionalidade, acerca da origem do povoamento desta freguesia, crê-se que seja bastante remota, pelo menos, tendo em conta os numerosos vestígios arqueológicos existentes nas freguesias circundantes e apenas alguns topónimos da freguesia, como é o caso do Portelo, diminutivo medieval de “porto”, ou “passagem entre cumeadas”. Um dos poucos documentos existentes relativos à antiguidade do povoamento de Alvações do Corgo poderá ser a ermida de S. Paio, cuja fundação deve remontar a meados do século X. A nível administrativo, Alvações do Corgo teve origem provavelmente pós-medieval e poderá ter pertencido à “terra” de Penaguião, embora paroquialmente surja nas “terras” de S. João ou S. Miguel de Lobrigos; neste ponto levantam-se algumas dúvidas, pois esta freguesia podia ter pertencido a S. João de Lobrigos, na medida em que em posteriores Inquirições, o seu padroado aparece em S. João; no entanto, nas Inquirições de 1258, na paróquia de S. Miguel, cita-se uma “villa Avessam”, que poderá corresponder à actual freguesia de Alvações do Corgo. Esta mistura de suposições é justificada pelo facto de nas Inquirições, os comissários registarem todas as informações obtidas não só dos lugares da respectiva freguesia, mas também de lugares vizinhos, desde que os jurados tivessem alguma informação. Segundo o padre Cardoso, Alvações do Corgo pertenceu à Casa do Infantado. Apesar de não se conhecerem pormenores acerca da instituição paroquial de Alvações do Corgo, o certo é que se deduz que a sua matriz tenha sido a de S. João de Lobrigos, isto porque até ao século XVII ou XVIII, o vigário da Alvações do Corgo era apresentado pelo abade de Lobrigos e, a partir deste século, passou a ser apresentado alternadamente pelo abade e pela Ordem de Malta, que tinha na freguesia bastantes bens. O património cultural e edificado existente na freguesia é a memória do seu passado, destacando-se a magnífica ponte de um arco, algumas casas brasonadas, a Igreja Paroquial e a capela da Azinheira. No entanto, as margens do rio Corgo constituem uma grande atracção turística de Alvações do Corgo, assim como a própria gastronomia típica da freguesia. A nível económico, Alvações do Corgo continua a ser uma freguesia tipicamente agrícola, onde predomina a cultura da vinha; no entanto, um grande impulsionador da economia local foi a linha de caminhos de ferro, não só pela criação de empregos como também por facilitar a comunicação e o transporte, sendo Alvações do Corgo durante muitos anos, a única freguesia do concelho a ser servida pela linha ferroviária, que outrora era o único meio de transporte acessível à população.

Ao entrar na freguesia encontra-se uma ponte de pedra de granito, que liga as relações da margem direita com a esquerda. Foi esta ponte edificada em 1804, custando quatro a cinco mil cruzados, ou como hoje diríamos, dez euros (dois contos). Foi construída a despesas de João Ferreira, coronel das milícias de Vila Real, natural de Vila Maior, que pediu licença ao governo para edificar à sua custa, com a condição de receber as respectivas portagens, isto é, por cada carro carregado 80 réis, cavalgadura maior 40 réis, menor 20 réis, e por pessoa 10 réis. Esta ponte substitui a barca por onde se passava no Corgo, que era causa de frequentes desastres. As portagens tiveram muito tempo, ate que a população de Alvações do Corgo achou que já estava paga e bem paga. Um dia pela calada da noite, a população destruiu a barraca da cobrança, afugentou os cobradores à bordoada, findando desse modo os pagamentos.”

O brazão desta localidade apresenta entre outros o símbolo da locomotiva. Uma locomotiva a vapor de negro, realçada de ouro que representam a linha de caminhos de ferro que passa na freguesia, que foi umas das grandes impulsionadoras da economia local.